Abra a porta!

“Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele Comigo.”
Apocalipse 3.20

domingo, 31 de outubro de 2010

Convenções: as leis criadas pelo homem

Quando nos deparamos com o título do capitulo 30 do livro "Pão Nosso", podemos pensar em algumas possibilidades: convenções cartográficas, convenções de trabalho, e convenções sociais, entre outras. Se pensarmos nas convenções sociais, teremos listadas as cerimônias, os rituais, os encontros, os pactos, entre tantas outras convenções criadas pelo homem. Logo, algumas das convenções listadas podem ser consideradas regras de convivência criadas pelo homem para que todos pudessem se entender e compartilhar de algumas condições comuns para a vida em sociedade.

As convenções sociais se originam de experiências compartilhadas por um grupo de pessoas. Algumas destas, quando aceitas pela maioria, podem se tornar regras mais rígidas ou, seja, podem vir a se tornar leis, e é a estas convenções que o capítulo 30 faz menção. As leis foram criadas pelo homem e para o homem e, se fossem ruins, Emmanuel afirma que Deus não permitiria sua criação. O homem deve respeitá-las para o seu desenvolvimento, mas não deve tornar-se prisioneiro delas.

O capítulo inicia com a passagem bíblica "E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado." (Marcos, 2:27). Esta passagem nos remete à época em que Jesus vivia, quando o sábado era considerado um dia sagrado, um dia que deveria ser dedicado ao recolhimento e à reflexão. Esta era uma regra geral, ou seja, uma lei para aquela sociedade naquele tempo.

Embora a humanidade tenha se desenvolvido bastante em mais de dois mil anos e muitas de suas leis tenham mudado igualmente, ainda hoje podemos encontrar pessoas que fazem das regras o centro de suas vidas. Emmanuel cita como exemplo o funcionário público que deixa de fazer um bem maior por que falta um selo minúsculo em um documento. Temos exemplos na mídia de pessoas que morrem nas filas dos postos de saúde por causa de entraves burocráticos, sim, mas também podemos pensar nos problemas com as operadoras de telefonia que também se tornaram comuns, mesmo que as conseqüencias desses exemplos não tenham a mesma gravidade.

Mas isso quer dizer que as leis convencionadas são ruins? Não, pois se assim fossem, Deus não as teria permitido existir. Ao contrário, elas são úteis: organizam e regram a convivência e as ações, colaboram na medida dos esforços individuais. Ajudaram a civilização a se organizar e evoluir ao longo dos séculos; contudo, não podem ser o único requisito ou se tornar um obstáculo intransponível. Não podemos colocar as leis humanas acima das leis divinas, que são imutáveis.

As convenções existem para auxiliar no aprimoramento e na evolução do homem. O planeta foi edificado através do trabalho do homem, e isso merece o devido reconhecimento, mas acima destas leis está a lei que rege o Universo, a lei imutável: a lei de amor de Deus, e esta fica acima de toda e qualquer lei que possa ser escrita por habitantes deste ou de outros mundos.

As convenções possuem sua utilidade, mas não devem engessar as nossas vidas. As regras não podem nos aprisionar, tornarem-se uma prisão sem grades. Elas existem para ajudar no desenvolvimento da humanidade e, imperfeitas que são, precisam ser revisadas de tempos em tempo, pois são criações do homem. Respeitemo-las, mas não façamos delas a nossa prisão.
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Texto baseado no capítulo 30 do livro "Pão Nosso", de Emmanuel e Chico Xavier.
Palestra do dia 29 de outubro de 2010 na Sociedade Espírita União Porto-Alegrense, pela autora deste post.